Ganesha
pertence à família de deuses mais popular do Hinduísmo. Ele é o
filho mais velho de Parvati e Shiva. Parvati é filha dos deuses
Himalayas, aquela cadeia de montanhas nevadas, que cobre o norte da
Índia. Ela é uma deusa muito graciosa e linda, mãe bondosa e
esposa devota. Shiva - bem, até mesmo seus amigos mais íntimos
admitem, que ele não é um pai ou marido ideal. Shiva ama sua
família de todo coração, mas a sua maneira. O que acontece é que
ele não agüenta ficar em casa o tempo todo. Tem alma de
aventureiro, gosta de viajar, mas a sua paixão é a meditação e o
Yoga. Tanto, que quando absorto meditando, nem um terremoto o
perturba.
Shiva
e Parvati casados, viviam muito felizes num bangalô no Monte Kailasa
nos Himalayas, longe da civilização. Depois de algum tempo, Parvati
percebeu que seu marido estava inquieto, ele abria a janela e olhava
suspirando os altos picos das montanhas, e ela via nos seus olhos a
sombra de um sonho. Ela o amava profundamente, e compreendeu o desejo
que o consumia.
Um
dia ela disse a Shiva:
-
Por que você não viaja por uns tempos? Eu sei que você levava uma
vida diferente, antes de nos casarmos. Você meditava, dançava, deve
estar sentindo falta de tudo isso agora.
-
Não minha querida - assegurou-lhe o marido. - Os velhos tempos
acabaram, não sinto falta deles mais.
-
E a sua meditação? - ela perguntou. Ela era a sua principal
ocupação. - Você é o maior yogui dentre todos os deuses.
Shiva
sabia que ela estava certa. Ele desejava mesmo se absorver de novo,
pela prática da meditação, e tinha saudades das grutas favoritas
das montanhas, onde se sentava para meditar. E depois foi o poder do
Yoga, que o transformou num deus tão poderoso. Mas ele ainda
hesitou.
-
Mas você não vai se sentir sozinha, se eu for?
Parvati
lhe assegurou que ficaria bem. Até porque, queria reformar o
bangalô, transformar num lugar confortável e bonito onde uma
família pudesse morar, um lar de verdade.
Feliz,
Shiva colocou sua pele de tigre na cintura, enrolou suas cobras
favoritas no pescoço e braços, chamou Nandi, sua vaca, e dando um
aceno de despedida partiu montado nela.
-
Não me demorarei. - ele disse a Parvati
Só
que Shiva é o mais esquecido dos deuses. Quando medita é impossível
despertá-lo. Acima do sagrado rio Ganges, Shiva se sentou e começou
a meditar. Passaram-se muitos anos, que equivaliam a milhares de anos
terrestres, uma vez que o tempo é diferente para os homens e deuses.
Quando
finalmente, Shiva levantou da posição de lótus, lembrou-se da
esposa que o esperava pacientemente, no Monte Kailasa, e correu de
volta para casa.
Neste
tempo que Shiva esteve ausente, Parvati fez um lindo jardim em volta
do bangalô, costurara cortinas para as janelas e almofadas para o
chão, pintara as paredes e as portas. E nem ficou sozinha por muito
tempo. Shiva não sabia que tinha deixado sua esposa grávida.
Parvati teve um lindo menino, que a manteve bastante ocupada, lhe deu
o nome de Ganesha.
Anos
se passaram e o deus bebê cresceu e transformou-se num rapaz
inteligente e sério, muito apegado a mãe, e que adorava ajudá-la.
Numa
manhã de primavera, Parvati estava tomando banho, enquanto seu filho
se mantinha perto do portão do jardim. Um homem alto, com longos
cabelos presos, um monte de cobras e uma pele de tigre enrolada no
corpo se aproximava do portão, e atrás dele uma vaca. Shiva tinha
voltado para casa sem se preocupar com sua aparência selvagem.
Shiva
parou... - será que esta linda casa era mesmo a sua? E quem seria
aquele garoto bonito no portão?
-
Deixe-me entrar menino!
-
Não, - respondeu Ganesha, franzindo as sobrancelhas para o vagabundo
que queria entrar.
-
Você não pode entrar! Ganesha se posicionou na porta de espada em
punho.
Naquele
momento, Shiva estava furioso, seu terceiro olho, do poder, apareceu
no meio da sua testa, brilhando como fogo. Em segundos o corpo do
menino estava no chão sem cabeça.
Ouvindo
vozes Parvati se apressou, horrorizada viu seu filho sem cabeça e o
marido que há tanto tempo não via. Chorou amargamente. Exclamou:
-
O que você fez?! Este é Ganesha seu filho!
Shiva
desculpou-se a Parvati, porém não podia voltar atrás, o que esta
feito, esta feito. Mas prometeu a sua esposa que o primeiro ser que
visse “dormindo errado” (considerava que aquele que dormia com a
cabeça voltada para o sul, estava errado, pois o certo seria dormir
com a cabeça voltada para o norte) ele cortaria a cabeça e a
colocaria em seu filho.
Então
Shiva percorreu milhas e milhas, e encontrou um filhote de elefante
dormindo “errado”. Shiva cortou-lhe a cabeça e ao retornar
encaixou-a entre os ombros de Ganesha. Inconformada Parvati foi pedir
ajuda a outros deuses.
Brahma
e Vishnu que são autoridades no Hinduísmo tanto quanto Shiva, ao
ver o pobre e esquisito menino com cabeça de elefante, disseram a
Parvati que nada poderiam fazer quanto a cabeça de Ganesha, pois não
poderiam passar por cima de uma decisão de Shiva, mas poderiam dar à
Ganesha poderes, para que ele se transformasse num deus muito querido
por todos ou hindus. Ganesha seria sempre reverenciado antes de todas
as cerimônias religiosas, seria também aquele que destrói os
obstáculos, aquele que trás fortuna...
Parvati
sentiu-se aliviada, agradeceu aos deuses, e se foi.
E
assim se fez. Hoje na Índia Ganesha é o deus mais adorado, sua
imagem é encontrada no painel de todos transportes, na entrada das
lojas comerciais, e é realmente lembrado com carinho e devoção em
todas as cerimônias religiosas, dando proteção e apoio àqueles
que são seus devotos.
Ele
é o Deus do conhecimento, sabedoria e removedor de obstáculos.
Ele é venerado ou pelo menos lembrado no inicio de qualquer missão
ou novo projeto para bênçãos e patrocínio.
Ele
tem quatro mãos, a cabeça de um elefante e uma barriga bem grande.
Seu veiculo é um pequeno rato. Em uma de suas mãos ele carrega uma
corda (para carregar os devotos da verdade), uma machadinha em outra
(para libertar seus devotos de apegos e vícios), tem um doce em uma
das mãos (para gratificar os seus devotos por suas atividades
espirituais), suas quatro mãos estão sempre estendidas para
abençoar as pessoas. A combinação de sua cabeça de elefante
e um veiculo de pequeno e ligeiro ratinho representa tremenda
sabedoria, inteligência, presença de espírito e agilidade mental.